Multiterminal Linux & Processamento baseado em servidores: Diferenças e possibilidades

O multiterminal consiste basicamente na idéia de se “pendurar” de dois à cinco conjuntos de periféricos (teclados, mouses e monitores) num único PC com o Linux instalado (e demais pacotes gráficos/desktop: navegador de internet, suite office, compactadores de arquivos, etc…). Isso permite você economizar em hardware diretamente envolvido no seu complexo computacional e centraliza a administração na escala de 5/1 ;). Existem distribuições Linux especialmente planejadas e mantidas para desempenhar esta função (trabalhar com várias placas de vídeo e conectores de teclado/mouse com qualidade, gerenciar adequadamente a memória e permitir uma administração de sistema mais racional). Dentre as distribuições especializadas nesta atividade, poderíamos destacar:

  • C3SL (distribuição mantida pela CELEPAR e pela UFPR)
  • DreamLinux (uma distribuição “genéticamente” pensada para fazer multiterminal Linux)

Não é exatamente uma técnica de processamento baseado em servidor, já que na prática as estações clientes não existem fisicamente (você não tem os micros nos clientes, apenas dispositivos). Os usuários rodam suas aplicações de forma independente em seções da memória da “máquina inteligente”. Boa parte da rede de ensino pública estadual do PR roda seus laboratórios de informática com esta técnica.

Contudo, em ambientes corporativos ou em redes mais críticas, existem outras técnicas para basear o processamento das estações físicas (micros dos usuários, mesmo os antigos e modestos em nível de hardware) no servidor. A grande diferença neste caso é que as estações dão boot localmente e, a posteriori, rodam o sistema operacional e aplicativos totalmente a partir do server, que envia apenas o “resultado” para o cliente. Neste caso, usando Linux nos clientes para startar a conexão no servidor (dar o boot local nas estações dos usuários), é possível se rodar tanto um ambiente desktop Linux quanto Windows.

Uma técnica bastante utilizada para se ter um ambiente homogênio em Linux (servidor e estações) é a implementação de um server LTSP. “O LTSP, Linux Terminal Server Project, é uma solução mais usada para a criação de terminais leves com o Linux. Ele utiliza uma combinação de DHCP, TFTP, NFS e XDMCP para permitir que as estações não apenas rodem aplicativos instados no servidor, mas realmente dêem boot via rede, baixando todos os softwares de que precisam diretamente do servidor. Não é preciso ter HD nem CD-ROM nas estações, apenas um disquete (ou CD) de boot ou ainda um chip de boot espetado na placa de rede.” Com o LTSP é possível se ter estações completamente burras ou terminais leves (com um pequeno HD e boot local por ele).

Outra possibilidade, desta vez usando Linux nos clientes para carregar seções Windows (protocolo RDP – WTS), também pode ser implementada. A vantagem, neste caso, fica por conta da alta performance nas estações (mesmo sendo estas, máquinas modestas) para se rodar aplicativos como o MS Office, IE e demais aplicações corriqueiras. Além disso, você pode ter uma rede Windows sem ter Windows nas estações e sem precisar dar boot pela interface de rede (muitas vezes não suportado pela BIOS), muito menos por um disquete. Isso evita que você necessite de licença do Windows nas estações, penas licenças WTS no servidor.

Existem também as soluções comerciais, que direta ou indiretamente, acabam usando as técnicas acima para prover clientes passíveis de conexões multiambiente operacional. Um caso nacional, de dispositivo com SO embarcado, que promete a transformar micros antigos em thin clients, é o TC-FLASH da ThinNetworks. Há também os thin clients profissionais (hardwares pensados especificadamente para a função, com SO Linux embutido), que consomem muito menos energia, garantem uma vida útil muito mais longa e disponibilidade que um PC. Um exemplo deste tipo de equipamento são os iClients, que a ConexTI, por vezes, já utiliza em determinadas soluções pontuais em clientes. Enfim, alternativas no segmento de processamento baseado em servidores com base em software livre não faltam, o que cabe ao gestor de TI é avaliar a melhor alternativa para o seu cenário específico.